Tratamento do trauma penetrante das artérias carótidas no Hospital João XXIII. Comparação entre ligadura e reconstrução arterial
Management of penetrating carotid artery trauma at Hospital João XXIII. A comparison between arterial ligation and reconstruction
Daniel Mendes Pinto ; Leonardo Ghizoni Bez ; Ricardo Costa-Val ; Sérgio Figueiredo Campos Christo ; Eduardo Vergara Miguel
Resumo
Objetivo: Comparar dados de pacientes com lesões penetrantes
em artérias carótidas submetidos a reconstrução arterial e ligadura.
Métodos: Análise retrospectiva de vítimas de trauma de artéria
carótida interna e comum entre fevereiro de 1999 e maio de 2003,
avaliando o tipo de tratamento das lesões e a evolução quanto aos
déficits neurológicos.
Resultados: Ocorreram 28 lesões penetrantes em artérias carótidas
(27 homens, idade média de 22,2 anos). Foram feitas 23 reconstruções
arteriais, sendo que dois pacientes evoluíram com hemiplegia e
nenhum óbito. A ligadura foi realizada em cinco pacientes, com um
óbito e dois casos evoluindo com déficit neurológico permanente. A
ligadura arterial foi fator significativo para desenvolvimento de déficit
neurológico (P < 0,05). Em dois casos a reconstrução arterial foi
feita em pacientes com déficit neurológico prévio, que apresentaram
melhora do quadro, recebendo alta sem alterações motoras. Houve
18 lesões em carótida comum (dois pacientes evoluíram com déficit
neurológico após reconstrução arterial) e 10 em carótida interna (um
óbito, dois com déficit neurológico após ligadura).
Conclusão: A reconstrução arterial no trauma penetrante de
carótidas levou a uma menor incidência de complicações, em pacientes
com ou sem déficit neurológico à admissão. Lesões em artéria carótida
interna têm maior morbidade.
Palavras-chave
Abstract
Objective: To compare penetrating carotid trauma results in
patients treated with arterial reconstruction or ligation.
Methods: Retrospective analysis of internal and common carotid
trauma victims from February 1999 to May 2003, according to
treatment and evolution of neurologic deficits.
Results: There were 28 penetrating carotid injuries (27 men,
median age 22.2 years), submitted to 23 arterial reconstructions; two
developed hemiplegia but no deaths were reported. Carotid ligation
was made in five patients, with one death; two presented with definitive
neurologic deficit. Arterial ligation was a statistically significant
variable in the development of neurologic deficit (P < 0.05). Two
patients with previous neurologic deficit were treated with arterial
reconstruction and discharged from hospital without symptoms.
Eighteen cases had common carotid injuries (two patients developed
neurologic deficit following arterial reconstruction) and 10 had internal
carotid injuries (two patients developed neurologic deficits following
ligation, one death reported).
Conclusion: There are fewer complications in arterial
reconstruction of penetrating carotid trauma than in arterial ligation,
both for patients with or without previous neurologic deficit.
Morbidity is greater in internal carotid lesions cases.