Jornal Vascular Brasileiro
https://jvascbras.org/article/doi/10.1590/S1677-54492007000200005
Jornal Vascular Brasileiro
Original Article

Prevalência de dilatação da aorta abdominal em coronariopatas idosos

Prevalence of abdominal aortic dilatation in patients aged 60 years or older with coronary disease

Guilherme Vieira Meirelles; Mario Mantovani; Domingo Marcolino Braile; José Dalmo Araújo Filho; José Dalmo Araújo

Downloads: 0
Views: 877

Resumo

CONTEXTO: A realização de programas de triagem para o aneurisma da aorta abdominal de forma indiscriminada auxiliará uma pequena porcentagem de indivíduos, mas ao considerarmos grupos com fatores de risco relacionados à dilatação da aorta, aumentando a probabilidade da doença, este permitirá um direcionamento adequado dos recursos e um benefício maior à população. Programas direcionados pelas sociedades médicas, permitindo um diagnóstico precoce das doenças vasculares e conseqüentemente um melhor preparo do doente, promoveriam melhores taxas de sobrevida com menor morbidade. OBJETIVO: Avaliar a prevalência da dilatação da aorta abdominal em uma amostra de pacientes idosos com mais de 60 anos de idade, portadores de coronariopatia aterosclerótica diagnosticada por cineangiocoronariografia. MÉTODOS: Para a seleção dessa amostra, levou-se em consideração o fato de que a avaliação pré-operatória de cirurgia vascular não tenhasido a indicação do cateterismo. Procedeu-se então a avaliação, baseada na anamnese, exame físico e Doppler ultra-som da aorta abdominal. A análise estatística iniciou-se com o teste qui-quadrado, com a posterior análise de regressão logística multivariada e regressão logística univariada, considerando significativo um p < 0,05. RESULTADOS: Dos 180 pacientes, 57 (31,7%) dos casos pertencem ao sexo feminino, e 123 (68,3%) ao masculino. A faixa etária variou entre 60 e 80 anos, com idade média de 66,7 anos. Dos 16 indivíduos portadores de dilatação da aorta abdominal (10 aneurismas e 6 ectasias), apenas um era do sexo feminino. O risco para um indivíduo com 1 lesão aterosclerótica coronariana de apresentar dilatação da aorta abdominal foi de 0,4% no grupo avaliado. Da mesma forma, nos portadores de 2 ou 3 lesões, o risco foi de 1,7%, e naqueles com mais de 3 lesões, de 4,5%. Quando associados ao tabagismo, estes valores alteraram-se respectivamente para 6,9, 11,8 e 27,1%. CONCLUSÃO: O presente estudo permite concluir que a prevalência de dilatação da aorta abdominal foi de 8,9% (16 de 180 pacientes) nesta amostra específica. Apresentou-se de forma mais freqüente nos indivíduos do sexo masculino, tabagistas e em presença de lesões ateroscleróticas difusas das artérias coronárias.

Palavras-chave

Aorta abdominal, aneurisma da aorta, coronariopatia, idosos

Abstract

BACKGROUND: Indiscriminate screening programs for abdominal aortic aneurysm will help a small percentage of individuals. However, when considering groups with risk factors associated with aortic dilatation, which increases the probability of the disease, such programs will provide an adequate allocation of resources and a greater benefit to the population. Programs guided by medical societies, providing an early diagnosis of vascular diseases and consequently a better preparation of patients, would result in better survival rates with lower morbidity. OBJECTIVE: To evaluate the prevalence of abdominal aortic dilatation in patients aged 60 years or older with atherosclerotic coronary disease diagnosed by coronary angiography. METHODS: The sample selected for this study considered the fact that preoperative assessment of vascular surgery had not been indication for catheterization. Evaluation was then performed, based on anamnesis, physical examination and ultrasound Doppler of the abdominal aorta. Statistical analysis started with chi-square test, with further multivariate logistic regression analysis and univariate logistic regression, with p < 0.05 considered significant. RESULTS: Of 180 patients, 57 (31.7%) were female and 123 (68.3%) were male. Age varied from 60 to 80 years, with mean of 66.7 years. Among the 16 individuals with abdominal aortic dilatation (10 aneurysms and six dilatations), only one was female. The risk of an individual with one atherosclerotic coronary lesion presenting abdominal aortic dilatation was 0.4%. Similarly, in those with two or three lesions the risk was 1.7, and 4.5% in those with more than three lesions. When associated with smoking, these values were 6.9, 11.8 and 27.1%, respectively. CONCLUSION: The present study leads to the conclusion that prevalence of abdominal aortic dilatation was 8.9% (16 out of 180 patients) in this specific sample. It was more prevalent in males, smokers and associated with presence of diffuse atherosclerotic lesions of the coronary arteries.

Keywords

Abdominal aorta, aortic aneurysm, coronary disease, elderly

References

Matas R. Aneurismas. Angiologia: enfermedades vasculares. 1972:203-8.

Grande RF. Aspectos históricos de la cirugía de los aneurismas: Matas y las nuevas técnicas. Patología Vasc. 1997;3:75-87.

Kruppski WC. Arterial aneurysms. Vascular surgery. 1995;2:1025-32.

Brito JC. História da cirurgia dos aneurismas da aorta abdominal. Aneurismas. 2000:23-30.

Gama DA. Passado, presente e futuro do tratamento do aneurisma da aorta abdominal. Aneurismas. 2000:31-8.

Harris LM, Faggioli GL, Fiedler R, Curl GR, Ricotta JJ. Ruptured abdominal aortic aneurysms: factors affecting mortality rates. J Vasc Surg. 1991;14:812-8.

Gloviczki P, Pairolero PC, Mucha P Jr. Ruptured abdominal aortic aneurysms: repair should not be denied. J Vasc Surg. 1992;15:851-7.

Ernst CB. Abdominal aortic aneurysm. N Engl J Med. 1993;328:1167-72.

Johansson G, Swedenborg J. Ruptured abdominal aortic aneurysms: a study of incidence and mortality. Br J Surg. 1986;73:101-3.

Collin J, Araujo L, Walton J, Lindsell D. Oxford screening programme for abdominal aortic aneurysm in men aged 65 to 74 years. Lancet. 1988;2:613-5.

Karkos CD, Mukhopadhyay U, Papakostas I, Ghosh J, Thomson GJ, Hughes R. Abdominal aortic aneurysm: the role of clinical examination and opportunistic detection. Eur J Vasc Endovasc Surg. 2000;19:299-303.

Bonamigo TP. Tratamento de urgência nos aneurismas da aorta abdominal. Doença da aorta e seus ramos. 1991:48-58.

Petersen MJ, Cambria RP, Kaufman JA. Magnetic resonance angiography in the preoperative evaluation of abdominal aortic aneurysms. J Vasc Surg. 1995;21:891-8.

Van Bellen B. Diagnóstico por imagem do aneurisma da aorta abdominal. Aneurismas. 2000.

Racy DJ. Angiorressonância magnética de artérias periféricas. Doenças vasculares periféricas. 2002;1:441-53.

Faria RCS. Tomografia computadorizada espiral nas patologias vasculares periféricas. Doenças vasculares periféricas. 2002;1:398-440.

Wassef M, Baxter BT, Chisholm RL. Pathogenesis of abdominal aortic aneurysms: a multidisciplinary research program supported by the National Heart, Lung and Blood Institute. J Vasc Surg. 2001;34:730-8.

Hollier LH, Plate G, O'Brien PC. Late survival after abdominal aortic aneurysm repair: influence of coronary artery disease. J Vasc Surg. 1984;1:290-9.

Hertzer NR. Clinical experience with preoperative coronary angiography. J Vasc Surg. 1985;2:510-4.

Tilson MD. Status of research on abdominal aortic aneurysm disease. J Vasc Surg. 1989;9:367-9.

Johnston KW. Multicenter prospective study of nonruptured abdominal aortic aneurysm: Part II. Variables predicting morbidity and mortality. J Vasc Surg. 1989;9:437-47.

Beiguelman B. Curso prático de bioestatística. 1996.

Wilmink TB, Quick CR, Day NE. The association between cigarette smoking and abdominal aortic aneurysm. J Vasc Surg. 1999;30:1099-105.

Heather BP, Poskitt KR, Earnshaw JJ, Whyman M, Shaw E. Population screening reduces mortality rate aortic aneurysm in men. Br J Surg. 2000;87:750-3.

Scott RA, Vardulaki KA, Walker NM, Day NE, Duffy SW, Ashton HA. The long-term benefits of a single scan for abdominal aortic aneurysm (AAA) at age 65. Eur J Vasc Endovasc Surg. 2001;21:535-40.

Johnston KW, Rutherford RB, Tilson MD, Shah DM, Hollier L, Stanley JC. Subcommittee on reporting standards for arterial aneurysms: Suggested standards for reporting on arterial aneurysms. J Vasc Surg. 1991;13:452-8.

Brown PM, Pattenden R, Gutelius JR. The selective management of small abdominal aortic aneurysms: the Kingston study. J Vasc Surg. 1992;15:21-5.

Katz DJ, Stanley JC, Zelenock GB. Operative mortality rates for intact and ruptured abdominal aortic aneurysms in Michigan: an eleven-year statewide experience. J Vasc Surg. 1994;19:804-15.

Cronenwett JL, Johnston KW. The United Kingdom Small Aneurysm Trial: implications for surgical treatment of abdominal aortic aneurysms. J Vasc Surg. 1999;29:191-4.

Darling RC, Messina CR, Brewster DC, Ottinger LW. Autopsy study of unoperated abdominal aortic aneurysm: The case for early resection. Circulation. 1977;56(^s3):II161-4.

Sterpetti AV, Cavallaro A, Cavallari N. Factors influencing the rupture of abdominal aortic aneurysms. Surg Gynecol Obstet. 1991;173:175-8.

Bengtsson H, Bergqvist D. Ruptured abdominal aortic aneurysm: a population-based study. J Vasc Surg. 1993;18:74-80.

Silva ES, Dói A, Hanaoka BY, Takeda FR, Ikeda MH. Prevalência de aneurismas e outras anormalidades do diâmetro da aorta infra-renal detectadas em necropsia. J Vasc Bras. 2002;1:89-96.

Cronenwett JL, Sargent SK, Wall MH. Variables that affect the expansion rate and outcome of small abdominal aortic aneurysms. J Vasc Surg. 1990;11:260-8.

Brown PM, Pattenden R, Vernooy C, Zelt DT, Gutelius JR. Selective management of abdominal aortic aneurysms in a prospective measurement program. J Vasc Surg. 1996;23:213-20.

Irvine CD, Shaw E, Poskitt KR, Whyman MR, Earnshaw JJ, Heather BP. A comparison of the mortality rate after elective repair of aortic aneurysms detected either by screening or incidentally. Eur J Vasc Endovasc Surg. 2000;20:374-8.

Hallin A, Bergqvist D, Holmberg L. Literature review of surgical management of abdominal aortic aneurysm. Eur J Vasc Endovasc Surg. 2001;22:197-204.

Scott RAP, Ashton HA, Sutton GLJ. Ultrasound screening of a general practice for abdominal aortic aneurysm. Br J Surg. 1986;73:318.

O'Kelly TJ, Heather BP. General practice-based population screening for abdominal aortic aneurysms: a pilot study. Br J Surg. 1989;76:479-80.

Scott RA, Ashton HA, Kay DN. Abdominal aortic aneurysm 4237 screened patients: prevalence, development and management over 6 years. Br J Surg. 1991;78:1122-5.

Lucarotti ME, Shaw E, Heather BP. Distribution of aortic diameter in a screened male population. Br J Surg. 1992;79:641-2.

Bonamigo TP, Araújo FL, Siqueira I, Becker M. Epidemiologia dos aneurismas da aorta abdominal. Aneurismas. 2000:39-45.

Boll AP, Verbeek AL, van de Lisdonk EH, van der Vliet JA. High prevalence of abdominal aortic aneurysm in a primary care screening programme. Br J Surg. 1998;85:1090-4.

Scott RA, Tisi PV, Ashton HA, Allen DR. Abdominal aortic aneurysm rupture rates: a 7-year follow-up of the entire abdominal aortic aneurysm population detected by screening. J Vasc Surg. 1998;28:124-8.

Vardulaki KA, Walker NM, Day NE, Duffy SW, Ashton HA, Scott RA. Quantifying the risks of hypertension, age, sex and smoking in patients with abdominal aortic aneurysm. Br J Surg. 2000;87:195-200.

Health of elderly. 1989:7-9.

Wilmink AB, Quick CR. Epidemiology and potential for prevention of aortic aneurysm. Br J Surg. 1998;85:155-62.

WHO expert committee on diabetis mellitus. 1980:7-12.

Rosemberg J. Tabagismo: panorama global. Jovem Medico. 2001;6:14-7.

Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV)"> Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV)">
5ddfd8a00e88250f264ce1d5 jvb Articles
Links & Downloads

J Vasc Bras

Share this page
Page Sections