Jornal Vascular Brasileiro
https://jvascbras.org/article/doi/10.1590/S1677-54492007000200007
Jornal Vascular Brasileiro
Original Article

Prótese vascular derivada do látex

Latex-derived vascular prosthesis

Marcelo Luiz Brandão; Joaquim Coutinho Netto; Jose Antonio Thomazini; João José Lachat; Valdair Francisco Muglia; Carlos Eli Piccinato

Downloads: 1
Views: 875

Resumo

CONTEXTO: O desenvolvimento de prótese vascular tem sido vital para os avanços e realizações da cirurgia vascular reconstrutora durante as últimas 5 décadas. OBJETIVOS: Desenvolver um novo modelo de prótese vascular microperfurada, confeccionada em tecido recoberto com um composto derivado do látex natural da seringueira (Hevea brasiliensis) e avaliar sua perviedade, trombogenicidade, biocompatibilidade e o processo de cicatrização, além de algumas propriedades mecânicas (adaptabilidade, elasticidade, impermeabilidade e possibilidade de sutura), utilizando como controle a prótese de politetrafluoretileno expandido no mesmo animal. MÉTODOS: Quinze cães foram separados em três grupos de cinco animais. Implantou-se a prótese de tecido e látex microperfurada e, no membro pélvico contralateral, a prótese de politetrafluoretileno expandido em todos os cães. O seguimento pós-operatório foi de 4, 8 e 12 semanas. A apreciação dos resultados foi feita segundo as avaliações clínicas dos pulsos, complicações (coleção líquida, deiscência, granuloma e infecção), arteriografias, análise macroscópica e elétron-micrografias de varredura. RESULTADOS: Os testes estatísticos aplicados não evidenciaram diferenças significativas (p > 0,05) em relação às complicações pós-operatórias e perviedade dos enxertos. Ambas as próteses integraram-se adequadamente aos tecidos circunvizinhos, com um tecido de incorporação formado por fibras colágenas. Constatou-se a presença de neoíntima recoberta por endotélio em toda a extensão da superfície luminal da prótese de tecido e látex microperfurada. Ao contrário, na prótese de politetrafluoretileno expandido, o desenvolvimento endotelial sobre a superfície neointimal limitou-se às regiões próximas às anastomoses. CONCLUSÕES: A prótese de tecido e látex microperfurada demonstrou qualidades estruturais (adaptabilidade, elasticidade, impermeabilidade e possibilidade de sutura) satisfatórias como substituto vascular. Estimulou o crescimento endotelial além das regiões de contato com a artéria nas anastomoses e foi biocompatível no sistema arterial do cão, apresentando adequada integração tecidual.

Palavras-chave

Prótese vascular, látex, politetrafluoretileno, endotélio, porosidade, artéria femoral

Abstract

BACKGROUND: The development of vascular grafts has been crucial for advances and achievements in reconstructive vascular surgery over the past 5 decades. OBJECTIVES: To develop a new model of microperforated vascular graft using fabric covered with a natural latex-derived polymer taken from Hevea brasiliensis and assess its patency, thrombogenicity, biocompatibility and healing process, besides some mechanical properties (adaptability, elasticity, impermeability and possibility of suture), using expanded polytetrafluoroethylene graft as control. METHODS: Fifteen dogs were divided into three groups of five animals. The microperforated latex graft was implanted in all dogs and the expanded polytetrafluoroethylene graft was implanted in the contralateral pelvic limb. Postoperative follow-up was 4, 8 and 12 weeks. Analysis of results was performed according to clinical evaluation of pulses, complications (fluid collection, dehiscence, granuloma and infection), arteriography, macroscopic analysis and scanning electron micrography. RESULTS: Statistical tests revealed no significant differences (p > 0.05) concerning post-operative complications and graft patency. Both grafts were properly integrated to surrounding tissues, with connective tissue formed by collagen fibers. A neointimal layer covering all extension of the luminal surface was observed in the microperforated latex graft. Conversely, the endothelial development over the neointimal surface was limited to regions adjacent to the anastomoses in the expanded polytetrafluoroethylene graft. CONCLUSIONS: The microperforated latex graft showed satisfactory structural qualities (adaptability, elasticity, impermeability and possibility of suture) as a vascular substitute. It stimulated endothelial growth beyond contact regions with the artery in anastomoses and was biocompatible in the dog's arterial system, presenting adequate tissue integration.

Keywords

Vascular graft, latex, polytetrafluoroethylene, endothelium, porosity, femoral artery

References

Mrué F. Substituição do esôfago cervical por prótese biossintética de látex: estudo experimental em cães. 1996.

Freitas MAS. Avaliação da prótese de látex natural como remendo em arterioplastias femorais: Estudo experimental em cães. 2001.

Frade MA, Valverde RV, de Assis RV, Coutinho-Netto J, Foss NT. Chronic phlebopathic cutaneous ulcer: a therapeutic proposal. Int J Dermatol. 2001;40:238-40.

Frade MA, Cursi IB, Andrade FF. Management of diabetic skin wounds with a natural latex biomembrane. Med Cutan Iber Lat Am. 2004;32:157-62.

Oliveira JAA, Hyppolito MA, Coutinho-Netto J, Mrué F. Miringoplastia com a utilização de um novo material biossintético. Rev Bras Otorrinolarigol. 2003;69:649-55.

Grisotto PC. Desenvolvimento de uma nova prótese vascular derivada do látex natural e sua utilização na substituição de um segmento da artéria femoral de cão. 2003.

Princípios éticos na experimentação animal. .

Monteiro Filho G. Segredos da estatística em pesquisas científicas. 2004.

Siegel S. Nonparametric statistics for the behavioral sciences. 1956.

Bosiers M, Deloose K, Verbist J. Heparin-bonded expanded polytetrafluoroethylene vascular graft for femoropopliteal and femorocrural bypass grafting: 1-year results. J Vasc Surg. 2006;43:313-8.

Kashyap VS, Ahn SS, Quinones-Baldrich WJ. Infrapopliteal-lower extremity revascularization with prosthetic conduit: a 20-year experience. Vasc Endovascular Surg. 2002;36:255-62.

Tabbara M, White RA. Biologic and prosthetic materials for vascular conduits. Vascular surgery: principles and practice. 1994:523-35.

Campbell CD, Goldfarb D, Roe R. A small arterial substitute: expanded microporous polytetrafluoroethylene: patency versus porosity. Ann Surg. 1975;182:138-43.

Kempczinski RF. Vascular Grafts (Overview). Vascular surgery. 1995:470-4.

Brophy CM, Ito RK, Quist WC. A new canine model for evaluating blood prosthetic arterial graft interactions. J Biomed Mater Res. 1991;25:1031-8.

Sauvage LR. Biologic Behavior of Grafts in the Arterial System. Vascular surgery. 1996:158-93.

Mehran RJ, Ricci MA, Graham AM, Carter K, Symes JF. Porcine model for vascular graft studies. J Invest Surg. 1991;4:37-44.

Sauvage LR, Berger KE, Wood SJ. Interspecies healing of porous arterial prostheses: observations, 1960 to 1974. Arch Surg. 1974;109:698-705.

Wu MH, Shi Q, Kouchi Y. Implant site influence on arterial prosthesis healing: a comparative study with a triple implantation model in the same dog. J Vasc Surg. 1997;25:528-36.

Lachat JJ, Mrué F, Thomazini JA. Morphological and biochemical studies of biocompatibility of a membrane manufactured from the natural latex of Hevea brasiliensis. Acta Microsc. 1997;6:758-9.

Mente ED, Ceneviva R, Coutinho Netto J. Transplante de ilhotas pancreáticas em dispositivos de imunoisolamento celular: resultados iniciais. Acta Cir Bras. 2001;16(^s1):84-7.

Mrué F. Neoformação tecidual induzida por biomembrana de látex natural com polilisina: Aplicabilidade na neoformação esofágica e da parede abdominal. Estudo experimental em cães. 2000.

Mrué F, Coutinho Netto J, Ceneviva R. Evaluation of the biocompatibility of a new membrane. Mat Res. 2004;7:277-83.

Pinho ECCM, Sousa SJF, Schaud F, Lachat JJ, Coutinho Netto J. Uso experimental da biomembrana de látex na reconstrução conjuntival. Arq Bras Oftalmol. 2004;67:27-32.

Sader SL, Coutinho-Netto J, Barbieri Neto J. Substituição parcial do pericárdio de cães por membrana de látex natural. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2000;15:338-44.

Berger K, Sauvage LR, Rao AM, Wood SJ. Healing of arterial prostheses in man: its incompleteness. Ann Surg. 1972;175:118-27.

Contreras MA, Quist WC, LoGerfo FW. Effect of porosity on small-diameter vascular graft healing. Microsurgery. 2000;20:15-21.

Sauvage LR, Berger K, Beilin LB. Presence of endothelium in an axillary: femoral graft knitted Dacron with an external velour surface. Ann Surg. 1975;182:749-53.

Malone JM, Moore WS, Campagna G, Bean B. Bacteremic infectability of vascular grafts: the influence of pseudointimal integrity and duration of graft function. Surgery. 1975;78:211-6.

Brewster DC. Prosthetic grafts. Vascular surgery. 1995:492-521.

Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV)"> Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV)">
5ddfd9a00e8825aa274ce1d5 jvb Articles
Links & Downloads

J Vasc Bras

Share this page
Page Sections