Jornal Vascular Brasileiro
https://jvascbras.org/article/doi/10.1590/S1677-54492009000100006
Jornal Vascular Brasileiro
Original Article

Doença veno-linfática: alterações linfocintilográficas nas úlceras venosas

José Humberto Silva; Maria del Carmen Janeiro Perez; Newton de Barros Jr.; Mário Luiz Vieira Castiglioni; Neil Ferreira Novo; Fausto Miranda Jr.

Downloads: 1
Views: 1186

Resumo

Contexto: O sistema linfático tem papel relevante em qualquer tipo de edema periférico. Atualmente, a linfocintilografia é considerada o principal exame para diagnóstico da doença linfática das extremidades. Embora haja associação entre edema linfático e úlcera de estase venosa crônica, a fisiopatologia dessas alterações permanece indefinida. Objetivo: Verificar as alterações linfocintilográficas qualitativas que ocorrem em pacientes portadores de úlceras de estase dos membros inferiores. Métodos: Quarenta pacientes portadores de úlcera de estase venosa crônica ou cicatriz unilateral foram submetidos a linfocintilografia de ambos os membros inferiores. Foram estudados 25 mulheres e 15 homens, com média de idade de 53,7 anos (28 a 79 anos) e tempo médio de úlcera de 71,5 meses (3 a 240 meses). Foram comparados qualitativamente os parâmetros linfocintilográficos dos membros inferiores, previamente classificados em três grupos de acordo com a classificação clínica, etiológica, anatômica e patológica (CEAP): I, membros sem sinais clínicos de doença venosa ou com telangiectasias e veias reticulares (classes 0 e 1); II, membros inferiores com veias varicosas, edema e/ou alterações de pele e subcutâneo (classes 2, 3 e 4); III, membros inferiores com úlcera e/ou cicatriz (classes 5 e 6). Resultados: Quando foi comparada a presença de alterações linfocintilográficas dos membros com úlcera ou cicatriz (grupo III - classes 5 e 6) com as dos membros sem úlcera (grupos I e II - classes 0, 1, 2, 3 e 4), houve diferença significativa (p < 0,001). Estratificando os membros inferiores de acordo com a classificação CEAP, também foi observada diferença estatisticamente significante (p < 0,001), sendo as alterações linfocintilográficas presentes em 72,5% no grupo III (classes 5 e 6), 30,8% no grupo II (classes 2, 3 e 4) e 7,1% no grupo III (classes 0 e 1). Em relação aos parâmetros analisados na linfocintilografia, ocorreu diferença significativa entre o grupo III e os outros grupos quanto à retenção de radiofármaco, adenomegalia inguinal e refluxo dérmico. Não houve significância nos parâmetros linfonodo poplíteo e circulação colateral. Conclusão: Considerando os resultados, conclui-se que quanto mais grave a estase venosa crônica, maiores serão as alterações linfocintilográficas observadas, corroborando a associação entre doença venosa e linfática e entre linfedema secundário e estase venosa crônica.

Palavras-chave

Úlcera, estase venosa, linfocintilografia

References

Browse NL, Burnand KG, Irvine AT, Wilson NM. Insuficiência venosa crônica. Doenças venosas. 2001.

Bräutigam P, Vanscheidt W, Földi E, Krause T, Moser E. The importance of the subfascial lymphatic in the diagnosis of lower limb edema: investigations with semiquantitative lymphoscintigraphy. Angiology.. 1993;44:464-70.

Gloviczki P, Calcagno D, Schirger A. Noninvasive evaluation of the swollen extremity: experiences with 190 lymphoscintigraphic examinations. J Vasc Surg.. 1989;9:683-9.

Perez MCJ. Linfocintilografia radioisotópica, tomografia computadorizada e ressonância magnética nas doenças linfáticas. Doenças vasculares periféricas. 2002:545-52.

Mosbeck A, Partsch H. Examens de lymphographie isotopique dans le syndrome post-thrombotique. Phebologie.. 1991;44:227-35.

Bull RH, Gane JN, Evans JEC, Joseph AE, Mortimer PS. Abnormal lymph drainage in patients with chronic venous leg ulcers. J Am Acad Dermatol.. 1993;28:585-90.

Eklöf B, Rutherford RB, Bergan JJ. Revision of the CEAP classification for chronic venous disorders: consensus statement. J Vasc Surg.. 2004;40:1248-52.

Siegel S, Castellan Jr. NJ. Nonparametric statistics. 1988:399.

Stewart G, Gaunt JI, Croft DN, Browse NL. Isotope lymphography: a new method of investigating the role of lymphatics in chronic limb oedema. Br J Surg.. 1985;72:906-9.

Ter SE, Alavi A, Kim CK, Merli G. Lymphoscintigraphy. A reliable test for the diagnosis of lymphedema. Clin Nucl Med.. 1993;18:646-54.

Miranda F Jr, Perez MC, Castiglioni ML. Effect of sequential intermittent pneumatic compression on both leg lymphedema volume and on lymph transport as semiquantitatively evaluated by lymphoscintigraphy. Lymphology.. 2001;34:135-41.

Kafejian-Haddad AP, Perez JM, Castiglioni ML, Miranda Junior F, de Figueiredo LF. Lymphscintigraphic evaluation of manual lymphatic drainage for lower extremity lymphedema. Lymphology.. 2006;39:41-8.

Gomes SC. Linfocintilografia superficial de membros inferiores com dextran 500 Tc99m: Estudo em pacientes portadores de filariose e de linfopatia não filariótica [tese]. 1990.

Guedes-Neto HJ. Estudo linfocintilográfico qualitativo dos membros superiores de doentes com linfedema secundário a tratamento cirúrgico para o câncer de mama [tese]. 2002.

Henze E, Robinson GD, Kuhl DE, Schelbert HR. Tc-99m dextran: a new blood pool-labeling agent for radionuclide angiocardiography. J Nucl Med.. 1982;23:348-53.

Henze E, Schelbert HR, Collins JD, Najafi A, Bennet LR. Lymphoscintigraphy with Tc-99m labeled dextran. J Nucl Med.. 1982;23:923-9.

Cestari SC. Contribuição ao estudo dos linfedemas dos membros inferiores com o emprego da linfocintilografia [tese]. 1992.

Cestari SC, Petri V, Castiglioni ML, Lederman H. Linfedemas dos membros inferiores: estudo linfocintilográfico. Rev Assoc Med Bras.. 1994;40:93-100.

Andrade MF, Jacomo AL. Anatomia médico-cirúrgica do sistema linfático dos membros. Doenças vasculares periféricas. 2002:169-78.

Bollinger A, Isenring G, Franzeck UK. Lymphatic microangiopathy: a complication of severe chronic venous incompetence (CVI). Lymphology.. 1982;15:60-5.

Bollinger A, Pfister G, Hoffmann U, Franzeck UK. Fluorescence microlymphography in chronic venous incompetence. Int Angiol.. 1989;8(4suppl):23-6.

Suga K, Kume N, Matsunaga N, Motoyama K, Hara A, Ogasawara N. Assessment of leg oedema by dynamic lymphoscintigraphy with intradermal injection of technetium-99m human serum albumin and load produced by standing. Eur j Nucl Med.. 2001;28:294-303.

Kinmonth JB. The lymphatics: Diseases, lymphography and surgery. 1972.

Crockett DJ. Lymphatic anatomy and lymphoedema. Br J Plast Surg.. 1965;18:12-25.

Bower R, Danese C, Debbas J, Howard JM. Advances in diagnosis of diseases of the lymphatics. JAMA.. 1962;25:687-91.

Meade JW, Mueller CB. Lymphatic and venous examination of the ulcerated leg: a preliminary report. Surgery.. 1992;112:872-5.

Hollander W, Reilly P, Burrows BA. Lymphatic flow in human subjects as indicated by the disappearance of 131I-labeled albumin from the subcutaneous tissue. J Clin Invest.. 1961;40:222-33.

Rijke AM, Croft BY, Johnson RA, de Jongste AB, Camps JA. Lymphoscintigraphy and lymphedema of the lower extremities. J Nucl Med.. 1990;31:990-8.

Cambria RA, Gloviczski P, Naessens JM, Wahner HW. Noninvasive evaluation of the lymphatic system with lymphoscintigraphy: a prospective, semi-quantitative analysis in 386 extremities. J Vasc Surg.. 1993;18:773-82.

Weissleder H, Weissleder R. Lymphedema: evaluation of quantitative lymphoscinthigraphy in 238 patients. Radiology.. 1988;167:729-35.

Larcos G, Wahner HW. Lymphoscintigraphic abnormalities in venous thrombosis. J Nucl Med.. 1991;32:2144-8.

Bräutigam P, Földi E, Schaiper I, Krause T, Vanscheidt W, Moser E. Analysis of lymphatic drainage in various forms of leg edema using two compartment lymphoscintigraphy. Lymphology.. 1998;31:43-55.

Collins PS, Villavicencio JL, Abreu SH. Abnormalities of lymphatic drainage in lower extremities: a lymphoscintilographic study. J Vasc Surg.. 1989;9:145-52.

Andrade MFC. Avaliação da absorção e transporte linfáticos em pacientes com trombose venosa profunda de membros inferiores através da linfocintilografia [tese]. 1998.

Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV)"> Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV)">
5ddfd8790e882552254ce1d5 jvb Articles
Links & Downloads

J Vasc Bras

Share this page
Page Sections