Jornal Vascular Brasileiro
https://jvascbras.org/article/doi/10.1590/S1677-54492010000300005
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Original Article

Percepção da doença arterial obstrutiva periférica por pacientes classe I ou II de Fontaine de um Programa de Saúde da Família

Perception of the peripheral arterial occlusive disease in Fontaine class I or II patients included in a Family Health Program

Juliana Nogueira Diniz; Regina Coeli Cançado Peixoto Pires

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Resumo

CONTEXTO: A doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) se destaca por deteriorar a qualidade de vida dos pacientes, quando associada a elevado risco de eventos cardiovasculares e cerebrovasculares. O diagnóstico clínico é sensível e específico, por meio do índice tornozelo-braquial (ITB), que, se precocemente detectado, otimiza o controle dos fatores de risco. OBJETIVO: Avaliar a percepção da DAOP em pacientes classe I ou II de Fontaine assistidos pela Estratégia de Saúde da Família em Pará de Minas (MG), analisando características socioeconômicas e determinantes da qualidade de vida. MÉTODOS: Após cálculo amostral estratificado por gênero e idade, um questionário elaborado para o estudo foi respondido por 123 indivíduos com diagnóstico de DAOP classe I ou II de Fontaine. Para as associações, utilizaram-se testes do c² e exato de Fisher (p<0,05). RESULTADOS: Dos indivíduos que responderam o questionário, 96 (78%) eram do gênero feminino e tinham baixa escolaridade. Observou-se associação entre claudicação intermitente, o sintoma mais frequente da doença, e aperto nas pernas, câimbras, adormecimento dos pés, cansaço, inchaço e agulhadas. Não houve associação com tabagismo, hipertensão arterial sistêmica, diabetes e alteração do colesterol. Dos participantes, 76 (61,8%) nunca ouviram falar da doença, apesar de serem portadores. Dor durante execução de tarefas dentro e fora de casa foi relatada por 48 (39%) indivíduos. A prática de atividade física foi mais recomendada por médico clínico geral - mencionada por 18 (14,6%) indivíduos - sendo que a caminhada, única atividade praticada em níveis recomendados, foi relatada por 102 (27,7%). CONCLUSÃO: É necessário esclarecimento para essa população quanto ao tratamento clínico não-farmacológico para controle das manifestações crônicas irreversíveis. Ressalta-se a relevância da veiculação de informações sobre a evolução silenciosa e sintomatologia da doença.

Palavras-chave

arteriosclerose obliterante, claudicação intermitente, qualidade de vida

Abstract

BACKGROUND: The peripheral arterial occlusive disease (PAOD) is characterized by the deterioration in the quality of life of patients when associated with high risk of cardiovascular or cerebrovascular events. The clinical diagnosis is sensitive and specific, by means of the Ankle Brachial Pressure Index (ABPI), and, when there is early detection, the control of risk factors is optimized. OBJECTIVE: To assess the perception of PAOD in Fontaine class I or II patients by means of the Family Health Strategy in Pará de Minas (MG), Brazil, through an analysis of the socioeconomic characteristics and life quality determinants. METHODS: After the sample calculation, stratified by genre and age, a questionnaire elaborated for the purposes of this study was applied to 123 individuals who were diagnosed with Fontaine class I or II PAOD. Aiming at the associations, the c² and Fisher's exact tests were used (p<0.05). RESULTS: Among the participants who answered to the questionnaire, 96 (78%) were women and had low schooling. An association between intermittent claudication, the most common symptom, and the sensation of pressure on the legs, cramps, foot paresthesia, fatigue, swelling, and tingling was observed. There was no association with smoking, systemic arterial hypertension, diabetes and cholesterol alterations. Among the participants, 76 (61.8%) had never heard about the disease despite the fact that they had it. Pain during activities at home or elsewhere was reported by 48 individuals (39%). The practice of physical activities was more recommended by clinicians - mentioned by 18 (14.6%) individuals - and walking, the only activity that was practiced according to the recommended levels, was reported by 102 participants (27.7%). CONCLUSION: This population needs to be better oriented about the clinical and non-pharmacological treatment intended to the control of irreversible chronic manifestations. We emphasize the relevance of conveying information about the silent development and the symptomatology of the disease.

Keywords

arteriosclerosis obliterans, intermittent claudication, quality of life

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