Jornal Vascular Brasileiro
https://jvascbras.org/article/doi/10.1590/jvb.2014.001
Jornal Vascular Brasileiro
Editorial

Hypertensive renal disease

Doença renal hipertensiva

Ana Terezinha Guillaumon

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Recent studies have shown a growing increase in renal stenosis; it is estimated that 6% of the adult population has hypertension. To date there have been few controlled epidemiological studies, but diagnosis rates of renal stenosis have increased, possibly because of improvements in the capacity to detect it, by both imaging exams and laboratory tests.

There are a range of different etiologies of hypertensive disease, including heart disease, renal artery stenosis and parenchymatous renal disease. Many authors have proposed simplified treatments, but knowledge of the underlying pathophysiology of disease and its repercussions for different organs is of fundamental importance to choosing a treatment and to whether that treatment will be successful.

Stenosis of the renal artery is caused by two important factors: degenerative diseases, such as progressive atherosclerosis, and inflammatory diseases, such as fibromuscular dysplasia. However, different age groups are predominantly affected by each type: the first, degenerative diseases, affects people over the age of 50, while the second prefers young people, particularly females. It is also important to consider the appearance of images in diagnosis, because atherosclerosis affects the origin of the renal artery, with atheromatous plaques that often begin in the aorta, whereas dysplasia affects the renal artery along its length, with an intense inflammatory process in the tunica media, producing an appearance of alternating stenosis and dilatation, somewhat like a bead necklace.

The first attempts to treat hypertension caused by stenosis of the renal artery took place during the 1970s, but patients who were treated using open surgery for revascularization of the organ suffered high rates of morbidity and mortality. It is believed that this was due to their advanced stage of kidney damage.

An alternative option, transluminal percutaneous angioplasty was first proposed around the same time and gradually refined, in terms of clinical and laboratory diagnosis, of imaging technologies and materials technologies, all of which made treatment easier and preservation of renal function more likely.

During the 1980s, it was found that endovascular surgery had surpassed the results of open surgery and nowadays the objectives are to control hypertension and preserve the kidney, reducing renal overload and achieving relative improvement of renal function. In some case, improvement is sufficient to avert a future need for enrolment on a hemodialysis program, which shortens survival. After the first results of treatment using angioplasty, it was found that placement of a stent reduced restenosis for long periods.

A ten-year follow-up study of patients with hypertensive renal disease caused by stenosis of the renal artery who were treated at a University Hospital following a predefined protocol observed that kidneys and renal function were preserved in 76% of cases. Although there are recent multicenter studies (CORAL, STAR, etc.) that contest these results that have been achieved and demonstrated, we believe that unsuccessful treatment outcomes are the result of erroneous etiologic diagnosis and disease staging. In view of this, it is necessary to study and analyze progression of kidney disease in order to intervene at the most appropriate point. When stenosis is significant, and there is at least a minimum of 30% of the renal parenchyma functioning, angioplasty/stenting has a positive effect in reducing arterial blood pressure and removing renal overload, improving renal function. Therefore, the better preserved the parenchyma, the better the postoperative outcomes.

There are recent reports of treatment for renovascular hypertension using intravascular devices to produce denervation of the renal artery. The procedure is new and investigation of disease pathophysiology is of fundamental importance to application of this new technology. The results of some current randomized studies indicate that therapeutic effects are promising. However, more accurate studies are needed to define its indications, primarily in terms of their definitions of inclusion and exclusion criteria, but also analyzing larger samples, in order to specify for which types of hypertension (by etiology) we should be indicating this treatment. Considering that denervation of the renal artery leads to vasomotor paralysis due to removal of the effect of the sympathetic nervous system, in diseases where etiology is stenosis by vasoconstriction, this process can help to control hypertension, reduce left ventricle hypertrophy, increase glucose metabolism and be a possible cause of cardiac and renal failure in end-stage disease; i.e. in a dependent vasoconstrictor process. A review of the results achieved in the 1960s and 1970s, when the same process was used in vessels of the lower limbs, found that aneurysms could form at denervation sites, possibly because the local sympathectomy destroyed the external layers of the vessel wall, reducing its strength. In view of the results of current studies, we therefore believe that renal artery ablation must be better investigated in wide-ranging and long-lasting studies, since it could prove to be an alternative antihypertensive treatment choice for patients resistant to current treatments. Furthermore, assessment and clinical management of patients must be studied exhaustively so that the method can be applied on the basis of the pathophysiologic and etiologic nature of the hypertension being treated.

Resumo

Estudos atuais têm demonstrado um aumento crescente da estenose renal; estima-se que 6% da população adulta tem hipertensão. Atualmente, há poucos estudos epidemiológicos controlados, porém a detecção de estenose renal tem aumentado, talvez pela melhor capacidade diagnóstica laboratorial e de imagem.

A doença hipertensiva pode ter diferentes etiologias, como a cardiopatia, a estenose da artéria renal e a doença parenquimatosa renal. Vários autores tentaram simplificar o tratamento, mas o conhecimento da fisiopatologia da doença e das repercussões nos diferentes órgãos é fundamental para a escolha da terapia e o sucesso terapêutico.

A estenose da artéria renal é causada por dois fatores importantes: doença degenerativa, como aterosclerótica progressiva, e doença inflamatória, como displasia fibromuscular, embora as faixas etárias predominantes do acometimento destas sejam diferentes: a primeira, por ser uma doença degenerativa, acomete pessoas acima dos 50 anos, e a segunda, jovens, com predominância do sexo feminino. Considera-se ainda que o aspecto da imagem é importante no diagnóstico, pois a aterosclerose acomete a emergência da artéria renal por placas de ateroma, que frequentemente se iniciam na aorta, enquanto que a displasia acomete a artéria renal em seu trajeto, com intenso processo inflamatório na camada média, conferindo um aspecto alternado de estenose e dilatação, como um colar de contas.

O tratamento para a hipertensão causada pela estenose da artéria renal se iniciou na década de 1970, sendo que os doentes submetidos ao tratamento por operação aberta, para revascularização do órgão, apresentavam alta taxa de morbimortalidade. Supõe-se que esta seja devida ao avançado estado do comprometimento renal, com o doente em piores condições clínicas.

A opção do tratamento por angioplastia percutânea transluminal, preconizada nessa mesma época, foi burilada, tanto sob o aspecto diagnóstico clínico e laboratorial, como pela tecnologia da imagem e pela tecnologia de materiais, o que beneficiou a facilidade de tratamento e a preservação da função renal.

Na década de 1980, avaliou-se que a cirurgia endovascular superou os resultados da cirurgia aberta e hoje seu objetivo é controlar a hipertensão e preservar o rim, diminuindo a sobrecarga renal, com melhora relativa de sua função. Por vezes, essa melhora possibilita retirar o doente de um futuro programa de hemodiálise, o que abrevia sua sobrevida. Após os primeiros resultados do tratamento por angioplastia, se verificou que a colocação de stent diminuía a re-estenose por longo tempo.

O tratamento da doença hipertensiva renal devida à presença de estenose da artéria, após dez anos de seguimento dos doentes de um hospital universitário com protocolo definido, apresenta preservação do rim e sua função em 76% dos casos. Embora estudos multicêntricos atuais (CORAL, STAR, etc.) contestem os resultados obtidos e demonstrados, consideramos que o resultado do tratamento malsucedido representa um diagnóstico etiológico e estadiamento da doença equivocados. Dessa forma, devemos estudar e analisar a evolução da doença renal, e o momento mais apropriado para seu tratamento. Quando a estenose é significativa, com parênquima renal funcionante no mínimo 30% ou mais, a angioplastia/stent tem efeito positivo na redução da pressão arterial e retira a sobrecarga renal, com melhora de sua função. Portanto, quanto melhor a preservação do parênquima, melhor será o resultado pós-operatório.

Atualmente, tem sido divulgado o tratamento da hipertensão renovascular com utilização de dispositivo intravascular, para produzir uma denervação da artéria renal. O procedimento é novo, mas o estudo da fisiopatologia da doença é fundamental para a aplicação dessa nova tecnologia. Os resultados de alguns estudos randomizados atuais o citam como efeito terapêutico promissor, porém sua indicação ainda demanda estudos mais acurados, principalmente definindo critérios de inclusão e de exclusão, além do aumento da amostra analisada, especificando para quais tipos (etiologia) de hipertensão devemos indicar essa terapêutica. Considerando-se que a denervação da artéria renal produz uma vasomoção paralítica do vaso por retirar o efeito do sistema nervoso simpático, em doenças cuja etiologia é a estenose por vasoconstrição, esse processo pode auxiliar no controle da hipertensão, diminuir a hipertrofia do ventrículo esquerdo, aumentar o metabolismo da glicose e ser possível causa de falência cardíaca e renal nos estágios finais da doença; ou seja, em processo vasoconstrictor dependente. A revisão dos resultados obtidos nas décadas de 1960 e 1970, com a aplicação do mesmo processo em vasos de membros inferiores, indicou a formação de aneurismas nos locais da denervação, talvez pelo fato de que a simpatectomia local destruísse as camadas externas da parede do vaso, tornando-a menos resistente. Assim, consideramos, à luz dos estudos atuais, que a ablação da artéria renal deva ser mais bem pesquisada com estudos extensos e abrangentes, podendo ser mais uma alternativa da terapia anti-hipertensiva para doentes resistentes aos tratamentos atuais. Além disso, a avaliação e o manejo clínico do doente devem ser exaustivamente estudados para aplicar o método com embasamento fisiopatológico e etiológico da hipertensão.

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