Objetivos: Avaliar os efeitos da drenagem do líquido cérebro-espinhal
realizada antes do pinçamento da aorta torácica na incidência
de paraplegia, assim como avaliar o fluxo sangüíneo capilar da medula
espinhal e a morfologia medular em cães.
Método: Os animais do grupo 1 ou controle (n = 8) foram submetidos
a uma toracotomia lateral esquerda com pinçamento da aorta
torácica durante 60 minutos. Os animais do grupo 2 ou experimental
(n = 8) foram submetidos a uma toracotomia lateral esquerda
seguida da drenagem do líquido cérebro-espinhal realizada imediatamente
antes do pinçamento da aorta torácica.
Resultados: Todos os animais do grupo 1 apresentaram evidência
clínica (100% de paraplegia) e histológica de lesão da medula espinhal.
Em contraste, nos animais do grupo 2, a incidência de paraplegia
foi de 0% (P < 0,05). As médias do fluxo sangüíneo capilar da medula
espinhal, medido durante os 60 minutos de pinçamento da aorta torácica,
foram de 6,04 ml/min/100 g nos cães do grupo 1 e de
19,35 ml/min/100 g nos cães do grupo 2 (P < 0,05), aumento que
provavelmente evitou a lesão neuronal da medula espinhal e a conseqüente
paraplegia nestes animais. A drenagem do líquido cérebroespinhal
também evitou a hiperemia de reperfusão após o
despinçamento da aorta torácica.
Conclusões: A drenagem do líquido cérebro-espinhal foi eficaz
na prevenção da paraplegia após o pinçamento da aorta torácica em
nosso modelo canino. O efeito protetor foi devido à redução na pressão
do líquido cérebro-espinhal, com o conseqüente aumento no fluxo
sangüíneo capilar da medula espinhal nos animais do grupo 2.